Se a luta por direitos iguais para mulheres não é mais novidade, a representatividade feminina na política ainda é uma questão enorme. Mesmo sabendo que somos mais da metade da população e com a lei que obriga as coligações a terem 30% das suas candidaturas ocupadas por mulheres, o cenário é desanimador.
Em 2018, apenas 30,7% dos candidatos são mulheres, segundo dados do TSE. Em 2014, foi 31,1% e o resultado dos votos foi ainda mais desanimador: no nosso parlamento, só 10% dos representantes do povo são do gênero feminino, o que nos coloca na posição 115 do ranking feito pelo Banco Mundial. E não podemos esquecer que a primeira presidente mulher eleita nem chegou a concluir seu segundo mandato. Já para esse ano, dos 13 candidatos, apenas duas são mulheres.
É para tentar mudar esse cenário que iniciativas têm surgido por todo país focadas em estimular o voto nelas. Dando visibilidade às candidaturas femininas e trazendo o gênero para o centro das discussões sobre a corrida eleitoral, os projetos lembram os eleitores da importância de se votar em mulher, de preferência feminista.
Hypeness traz aqui quais são essas iniciativas e como elas podem te ajudar na hora de decidir o voto.
Organizado por 10 mulheres e suprapartidário, esse projeto escolheu quatro candidatas de cada estado – duas a deputada federal e duas a estadual. E agora estão fazendo divulgação de suas campanhas nas redes sociais. Além disso, para quem quiser mais opções, elas têm links com outras candidaturas de mulheres para eleitores conhecerem.
Para selecionar as apoiadas, elas fizeram uma extensa pesquisa das propostas de cada uma. E para estar na lista, precisa ter pautas de políticas públicas para mulheres, além de outras prioritárias, como moradia, saúde e educação. E, por fim, não pode apoiar Bolsonaro.
Indo além das sugestões de candidatas, a iniciativa divulga textos e informações sobre a representatividade feminina na política e produz até camiseta “Vote Nelas”, para levar o assunto para fora da internet.
Por que as mulheres negras são 27% da população e apenas 2% do Congresso Nacional?
Não é só o machismo que esse site quer combater, mas também o racismo. A campanha Mulheres Negras Decidem, da rede Umunna, quer incentivar a maior participação de negras no poder. E para isso, o site desconstrói mitos, como o de que negros não votam em negros, e apresenta dados.
É uma grande fonte de informação para mostrar para todos os eleitores, independente da cor da pele, que é importante sim votar nas negras em 2018 e aumentar sua participação na tomada de decisões no Brasil.
Mais do que divulgar candidaturas, esse projeto quer incentivar que mulheres participem da política. E não só em 2018, mas já pensando no futuro e na formação de líderes para os anos seguintes. “Acreditamos que mulheres de todas as tendências políticas, etnias e origens devem ter a mesma oportunidade de ocupar um cargo eletivo”, diz o manifesto.
O apoio às candidatas acontece com uma rede de suporte, treinamentos e mentorias. Antes do registro das candidaturas, ele ajudava mulheres interessadas em concorrer a encontrar um partido, por exemplo. Agora, as candidatas podem encontrar ali ajuda para planejar a campanha, lidar com advogados, contadores e o próprio TSE, além de gestão financeira e estratégias de comunicação.
Não basta votar em mulher, tem que votar em mulher feminista. Essa é a ideia base por trás da campanha Meu Voto Será Feminista, que incentiva e divulga a candidatura de mulheres com projetos políticos que representam demandas centrais do feminismo, como combate à violência de gênero e ao racismo.
Quem está por trás da iniciativa é a PartidA, um coletivo sem partido, de esquerda, que se reúne em diversos locais do país e procura ocupar a política com as pautas feministas.
O Mapa das Mina é um projeto de uma plataforma digital que vai reunir as candidaturas de mulheres e facilitar a busca de que está procurando uma mulher em quem votar. Mas enquanto o site não fica pronto, o projeto já existe nas redes sociais, dando visibilidade para candidatas e mantendo aceso o debate sobre a importância da representatividade.
Um coletivo de jornalistas de Minas Gerais se organizou e levantou grana com um crowdfunding para colocar a Campanha Libertas de pé. O propósito do site é fazer a cobertura das eleições no estado com foco nas mulheres. O conteúdo ainda está começando a rolar, mas já é possível ler reportagens e perfis de candidatas.
O site ainda promete fazer fiscalização dos recursos e da política de cotas durante a eleição, além de apresentar todas as candidatas concorrendo por MG.
Autora: Helena Bertho
Fonte: Hypeness