O mestre de capoeira e compositor Romualdo Rosário da Costa, 63 anos, conhecido como Moa do Katendê, foi morto a facadas na madrugada desta segunda-feira, 8, após uma discussão política no Bar do João, na comunidade do Dique Pequeno, no Dique do Tororó, em Salvador.
Do A Tarde
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o autor do crime, que não teve o nome revelado até o momento, não concordou com a posição política de Moa, contrária ao candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), e desferiu 12 facadas na vítima.
O suspeito foi preso e confessou o crime à polícia. Segundo a SSP-BA, ele teria se aproximado do grupo em que Moa estava e afirmado que era eleitor de Bolsonaro. O homem reagiu com violência após o mestre de capoeira afirmar que o grupo votava no PT.
Amigos e familiares de Moa denunciaram o assassinato nas redes sociais. “Mataram a história, povo sem memória. Mestre Moa Do Katende, o senhor está vivo dentro dos corações de quem esteve perto e conheceu sua trajetória na capoeira, na mísica, e com a humanidade”, escreveu uma internauta.
“Ainda me lembro, eu ainda menino com 17 pra 18 anos em Salvador, quando eu e Ponciano Poncianinho fomos recebidos por ele com toda sua energia e alegria na associacao de capoeira angola no pelourinho-bahia. Deixo aqui meus pesares para a família do Mestre Moa Do Katende e toda capoeiragem que hoje chora! Estou triste e sem palavras para com o Brasil! precisamos de mudancas urgentes!”, registrou outro amigo do mestre.
Nascido em Salvador, Moa do Katendê era um artista ligado às tradições afro-baianas. Compositor, dançarino, capoeirista, ogã-percussionista, artesão e educador, descobriu suas raízes aos oito anos de idade no “Ilê Axé Omin Bain”, terreiro de sua tia e incentivadora.
Em 1977, consagrou-se campeão do Festival da Canção Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do Brasil, e em maio de 1978 fundou o “Afoxé “Badauê”, que desfilou pela primeira vez no ano seguinte e se tornou campeão do carnaval na categoria de afoxé. Em 1995 com a união de colegas e admiradores da cultura afro-brasileira, surge o grupo de afoxé “Amigos de Katendê”.
Em 1995, com a união de colegas e admiradores da cultura afro brasileira, surge o grupo de afoxé “Amigos de Katendê”, que neste mesmo ano participou do carnaval em São Paulo na Cohab José Bonifácio. Em 1996 o grupo viaja a Salvador reintegrando os componentes do “Badauê” e outros afoxés e desfila no carnaval, estabelecendo assim um intercâmbio entre Bahia e São Paulo. Atualmente, o mestre ministrava oficinas de afoxé na Bahia, Sudeste e Sul do Brasil e na Europa e era o coordenador geral do afoxé “Amigos de Katendê”.
Mestre Moa do Katende falava sobre a “reafricanização” da juventude da Bahia e do processo batizado por Antonio Risério de “reafricanização” do carnaval na Bahia, e atribui este processo a própria dinâmica interna da vida baiana