Representantes das agências do sistema Organizações das Nações Unidas (ONU) receberam o Fórum Permanente pela Igualdade Racial (FOPIR), em Brasília. O FOPIR também se reuniu com Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil, e líder do Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia das Nações Unidas.
Cida Bento, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), Luana Natielle, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) e Tatiane Lima, do Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO) representaram o FOPIR no encontro. E reforçaram sobre a importância de uma ação concreta da ONU no Brasil dentro da Década Internacional dos Povos Afrodescendentes deve ser construída a partir da perspectiva das mulheres negras e da juventude negra.
De acordo com Bento, “O país precisa de uma atuação assertiva dentro do plano de ação da Década Internacional dos Afrodescendentes e que possa incluir os fóruns a partir de quatro eixos temáticos: trabalho, educação, saúde e comunicação. O objetivo é assegurar uma ação fortalecida direcionada a juventude e mulheres negras”, avaliou. O FOPIR apontou diversos problemas nestes quatro campos. No mercado de trabalho, por exemplo, o Programa de Diversidade que algumas empresas tem adotado no Brasil não tem sido eficaz na inserção das pessoas negras, com destaque para as mulheres negras.
Violência racial
Outro grave problema é a violência racial. Bento lembrou que o lançamento da Década Afrodescendente no Brasil, em novembro de 2015, foi na semana da chacina de cinco jovens negros da comunidade de Costa Barros, no Rio de Janeiro. Para ela, o sistema ONU deve assegurar maior visibilidade à agenda de enfrentamento ao extermínio da juventude negra na próxima Sessão da ONU sobre a Situação das Mulheres (CSW, sigla em inglês), que acontecerá em março de 2018 em Nova Iorque. “É preciso mostrar para o jovem que outro futuro é possível”, afirmou. O FOPIR também sinalizou sobre a falta de assistência à saúde física e mental das mães que perderam seus filhos e pediu a ONU que ajude a pressionar o governo federal para oferecer este serviço.
As demandas das negras jovens feministas também foi tema da reunião. Em setembro, será realizado o II Encontro Nacional de Negras Jovens Feministas (ENNJF) e, de acordo com Natielle, o apoio da ONU para realização e construção desta agenda será fundamental. “Este encontro é fruto do impacto da Marcha das Mulheres Negras. Precisamos reverter às lógicas asseguradas pelo racismo e que impactam a jovem mulher negra”, declarou.
A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, informou que a situação das mulheres negras foi inclusa no último documento da 61ª Sessão da CSW, que aconteceu em março deste ano. A notícia é resultado de uma ação direta do FOPIR que encaminhou uma carta onde solicitou a inclusão do tema das mulheres negras brasileiras na próxima sessão da CSW em 2018.