Por Julio Menezes Silva (IPEAFRO/FOPIR)
A história nos conta que em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel, filha do imperador do Brasil Dom Pedro II, assinou a Lei Áurea, dando fim ao regime de escravidão no país. O problema da escravidão continuou no dia seguinte, no depois, e no depois chegando aos dias atuais.
O massacre do Jacarezinho, território favelizado ocupado por maioria de população negra, é a ponta do iceberg de um sistema capitalista forjado para na escravidão. Hoje, moderno e tecnológico, é uma máquina de moer corpos negros e excluí-lo de seu sistema universalista – notadamente forjado nos Estados Unidos e Europa.
Um olhar sobre o Brasil de hoje resulta na pergunta: abolição pra quem? Corpos negros e negras são os que mais morrem, mais passam necessidades, mais sofrem violência, são menos vacinados e estão posicionados nas bases da hierarquia social.
No mundo do trabalho, a exploração da mão de obra, a precarização das condições de subsistência, aumento da jornada de trabalho e o fim de garantias trabalhistas aumentam a pressão do segmento da população secularmente explorado em Terra Brasilis.
– O 13 de maio aconteceu segundo um movimento no Brasil que estava em consonância com os interesses dos liberais europeus. Não porque eles estavam preocupados com uma condição subumana dos negros escravizados na América, mas porque a empresa escravocrata era desinteressante para uma consolidação do sistema capitalista – explica Angélica Ferrarez, historiadora, em entrevista ao jornal O Globo publicada neste 13 de maio.
São muitos os argumentos, fatos históricos, dados e estatísticas que reforçam a pergunta: abolição pra quem, cara pálida? Hoje é dia de denúncia! Mais um dia como todos os demais em que nos levantamos, nos tomamos de força e axé e resistimos guiados pelos espíritos libertadores de nossos antepassados!