O Fórum Permanente Pela Igualdade Racial (FOPIR) lamenta o vazamento de óleo no nordeste do litoral brasileiro, mais uma tragédia ambiental que atinge o país em 2019, e repudia a inoperância e o descaso do Estado, que põe em risco vidas humanas e ecossistemas naturais.
Nas regiões afetadas, concentra-se a maior população de afrodescendentes, ribeirinhos e pescadores, que têm suas vidas diretamente impactadas pelo vazamento do óleo e o conseqüente dano sócio-ambiental.
Como é possível observar nas imagens, amplamente difundidas pelas redes de televisão e sociais, os mutirões de limpeza organizados por voluntários são, em sua maioria, compostos por negros e negras.
O contato e a manipulação do material altamente tóxico, traz graves riscos à saúde dessas populações, que reclamam a falta de iniciativas governamentais básicas, emergenciais e de contingência e remediação dos danos ambientais.
Paradoxalmente, as ações do Ministério do Meio Ambiente não vão nessa direção. Quase dois meses após o início do vazamento, o ministro Ricardo Salles insiste em buscar “os culpados”. Em ato recente, acusou falsamente a ONG Greenpeace pelo vazamento de óleo, que ainda está em fase de investigação.
Os danos econômicos causados pelo vazamento e o descaso das autoridades já são sentidos entre as populações locais. Sabe-se que esses efeitos impactarão a vida marítima e a possibilidade de sustento de milhares de famílias por anos. Os relatos das dificuldades fartos e enxurram a imprensa nacional. Quem vai arcar com o prejuízo? Como as comunidades ribeirinhas, quilombolas e pesqueiras serão indenizadas por um dano que persistirá por anos? Como assisti-los do ponto de vista da saúde, da economia e do aspecto ambiental? Essas são algumas perguntas que as autoridades devem responder prontamente.
Finalmente, alertamos que os problemas de saúde e sócio-ambientais dos moradores desses locais e a ausência de políticas governamentais nessa direção reforçam o racismo ambiental e estrutural, marcos históricos da sociedade brasileira. Sabe-se que o Nordeste foi a região do país que se colocou – e se coloca – mais fortemente em oposição a essa política genocida do presidente Jair Bolsonaro e seus comparsas.
O Fórum Permanente pela Igualdade Racial – FOPIR é uma coalização de organizações antirracistas que tem como propósito desenvolver estratégias e ações de diagnóstico, mobilização, comunicação e incidência política capazes de deflagrar um debate amplo e democrático em prol do enfrentamento do racismo e na defesa das políticas de promoção da igualdade racial e de gênero.